Blogay

Não, eu não quero voltar. Não quero olhar para os furos na parede, e pensar na minha mudança solitária carregando geladeira escada acima. Não quero entrar naquele quarto abafado e pensar em quem dormiu ali. Três anos foram o suficiente para me ensinar que tipo de vida eu carregaria dali pra frente.  Agradeço pelo passado, mas deixo para trás no futuro. Quantas chances eu desperdicei de ser feliz em prol do bem alheio. Quantas lágrimas derramei por quem não merecia. Mas foi naquela tarde sozinho, sem cachorro e sem TV, com minha vida encaixotada, que eu decidi: depressão, eu te aceito, e posso te carregar, mas por favor me ajude a caminhar. E aquele pote de sorvete sendo consumido, pois a geladeira já estava desconectada, aguardando seu novo lar onde tudo seria diferente (e foi, e é).

TÔ VIVENDO DE TBT Primeiro texto de uma série que pretendo escrever esse ano. Em um período tão estranho que estamos vivendo, de tantas incertezas, sentimentos e vontades reprimidos e nostalgia constante, vou tentar me expressar por fotos que datam momentos que vivi. "Não sei quanto tempo levou para silenciar meus pesadelos. Foram diversas noites dormindo com um som simulado de chuva a fim de não escutar mais sua voz em seu último 'fica bem'. Como pode tanto acontecer em tão pouco tempo?  Fecho os olhos e vejo seu rosto inseguro com minha primeira visita, sua agitação ao guardar o presente que te entreguei e sinto seus braços me cobrindo em um abraço e beijo que se encaixaram perfeitamente ao primeiro toque. Seria nossa altura simétrica? Ou o estranho alinhamento astral de doze anos que distanciaram nossas chegadas ao mundo que nos registrou no mesmo zodíaco chinês? Eu, um dragão de terra, impositivo e preso ao estável e seguro. Você, dragão de metal, contido e preciso em